Texto: Jonathan Campos
Edição: Laíza Castanhari
A Casa de Cultura São Miguel está localizada na Vila Pedroso, Zona Leste de São Paulo. Jonathan Campos, Jovem Monitor Cultural, relata que muitos moradores da região não frequentavam o espaço cultural ou nem mesmo sabiam da sua existência. Depois de dois anos de isolamento devido à pandemia de Covid-19, a falta de público se intensificou.
Buscando caminhos para melhorar a relação do espaço cultural com o território, – tanto com o público quanto com os artistas –, Jonathan propôs um Plano de Intervenção Artístico-Cultural (PIAC): utilizar a sacada da casa como um lugar de aproveitamento e democratização de espaço.
Assim nasceu o “Saca d(a) Parada”. O plano foi implementado na edição 2021/2022 do Programa Jovem Monitor/a Cultural. “A sacada surge como um lugar de intersecção onde a Casa de Cultura olha para a rua, e a rua também passa a olhar para a casa. Estabelece simbolicamente uma relação entre casa e território. Nós queríamos que as pessoas e artistas sacassem que esse espaço está aqui para eles”, explica Jonathan.
Mapeamento de artistas
Ainda existia o desafio de mobilizar os artistas e o público da região para implementar, de fato, o projeto. Nessa busca, Jonathan se deparou com o projeto de Lucas Laureno, jovem do Programa Criatividades (CRIA): “Mapeamento de Artistas e Coletividades de São Miguel Paulista”. Era tudo o que o Saca d(a) Parada precisava.
Lucas analisa que São Miguel tem um movimento artístico forte, com diversos coletivos atuando na região, mas que não costumam frequentar a Casa de Cultura São Miguel.
“Não havia um entendimento de quais eram os produtores culturais do território, então era necessário começar por esse mapeamento na busca de trazer esses artistas para perto para pensar as futuras contratações na casa, de forma a contemplar melhor o território e seu público”, conta o jovem CRIA.
A partir do mapeamento de artistas, os jovens começaram a ter uma ideia mais assertiva de quais eram as produções culturais mais efervescentes no território e quais eram os interesses do público.
As discussões levantadas pelos projetos de Jonathan e Lucas causaram um movimento: a sacada começou a ser mais utilizada como espaço para diversas atrações, como apresentações musicais e oficinas de canto e violão. Os jovens se articularam com artistas, instituições e com a própria Secretaria Municipal de Cultura.
Efeitos inesperados
As discussões sobre o uso da sacada, junto com o entendimento sobre quais estilos eram mais compatíveis com o público e artistas a partir do mapeamento, criou um novo movimento na Casa de Cultura. As atrações começaram a usar o espaço da sacada, dando visibilidade para as atividades do espaço cultural.
24 de julho, por exemplo, foi uma data memorável: a Casa de Cultura São Miguel realizou um evento que contou com um público de aproximadamente mil pessoas, revelando um pouco do impacto que os projetos dos jovens já causaram.
O evento teve diversas apresentações musicais, como uma batalha dos MC’s Arena Flow e Batalha da Teles, um pocket show do Made In Favela, e fechou com um show do rapper Kyan Maloka.
A programação também contou com a colaboração de Dedê Andrade, ex-Jovem Monitor Cultural, que atualmente trabalha na Secretaria Municipal de Cultura. Os jovens organizaram a programação a partir do que identificaram na execução dos seus projetos de intervenção.
“Essa quantidade de público só foi possível por meio do uso da sacada e da integração com a rua e a praça que fica em frente à casa”, comemora Jonathan.