As jovens Luana Uchôa, atuando na Biblioteca Paulo Duarte, e Helena Pandora Cruz, atuando no Centro Cultural Grajaú, estão colocando em prática o projeto “Conversar, aprender e fazer” com temas de reciclagem e inclusão
Por Pedro Paulo Furlan
Dentro do Programa Jovem Monitor/a Cultural, jovens constroem amizades e redes de conexões entre si – que os ajudam em seus projetos e se mantém até mesmo depois de suas jornadas no Programa. Luana Uchôa e Helena Pandora Cruz ficaram amigas enquanto as duas atuavam no Centro Cultural Grajaú (CCG), na edição 2019/2020 – nessa época já queriam desenvolver um projeto juntas. Agora, como continuístas, Luana atua na Biblioteca Paulo Duarte enquanto Helena está no CCG. Esse fato, porém, não foi um obstáculo para os planos das duas, que criaram e colocaram em prática o “Conversar, aprender e fazer”, uma série de oficinas de artesanato nos perfis do Instagram dos dois espaços culturais.
As jovens tinham planos para o projeto desde 2019, enquanto atuavam no Centro Cultural Grajaú, mas devido a pandemia, as oficinas presenciais não foram possíveis. Com as duas atuando em espaços diferentes, ficaram em dúvida se o “Conversar, aprender e fazer” poderia acontecer – a resposta para isso, no entanto, veio de outra ação de Luana, a “Alô Alô Brasil, estamos ON!”. Uma série de lives no Instagram da Biblioteca Paulo Duarte, nas quais Luana conversa com JMC’s de diferentes espaços culturais e territórios, esse projeto as deu a confiança de que uma iniciativa entre dois espaços culturais era possível – e continha um grande potencial.
A ação foi iniciada no começo de março com uma oficina ensinando como fazer máscaras de tecido a partir de camisetas. Esse início reflete algumas temáticas do projeto das jovens – a reciclagem e a inclusão. Sobre isso, Helena conta: “Além de tudo, selecionamos oficinas que propagassem a prática da reciclagem”, completando: “Escolhemos artesanatos que poderíamos fazer com materiais comuns, para que todos pudessem participar”. As máscaras, por exemplo, não precisavam de nenhuma costura, os stencils que criaram em outro encontro eram feitos somente com papel. A curadoria das atividades foi feita para que as criações fossem acessíveis e o público pudesse fazer junto com elas.
O ambiente que estão criando em suas oficinas do “Conversar, aprender e fazer” é dinâmico e divertido, contando com muitas interações com a audiência e com conversas naturais, já que as duas são amigas próximas. “Eu sempre me sinto muito ansiosa, tanto que mando mensagem para a Helena uma hora antes já para saber se ela está pronta”, Luana narra, “mas assim que começamos, nossa conexão realmente aparece, damos suporte uma para a outra”. Ambas afirmam que o segredo para que o projeto funcione é a conexão entre as duas, com Luana adicionando: “Planejamos tudo juntas, a união faz a força”.
Além da interação entre duas amigas, a intervenção cultural de Luana e Helena representa o potencial da interação dos/as jovens monitores/as – mesmo em espaços e territórios diferentes. Esse contato entre os espaços culturais contribui para aumentar o acesso à cultura, na opinião de Helena, pois as oficinas são divulgadas na página da biblioteca e na do centro cultural, incentivando a troca de público e de características específicas de cada um desses espaços. “O projeto também é um momento de divulgar os próprios espaços culturais, porque as pessoas precisam acessá-los e aproveitar a potência cultural presente dentro deles”, Helena afirma.
O planejamento do “Conversar, aprender e fazer” foi feito em união pelas duas jovens, que decidiram fazer oficinas quinzenais – de maneira que tivessem mais tempo para divulgação e não se sentissem sobrecarregadas, sempre podendo aproveitar os encontros. Também escolheram limitar as oficinas em uma hora, porque, dessa forma, até mesmo pessoas que não tem um bom acesso à internet podem acompanhá-las por esse curto período. Um espaço de lazer e terapia, a ação deseja ser um momento de descanso para quem participar delas junto com Luana e Helena.
Ambas estão usando esse projeto como um momento de aprendizado e experiência, conhecendo mais das ferramentas digitais para ações futuras. Além disso, também é uma oportunidade de popularizarem a cultura e se inserirem na internet, como duas pessoas trans. “É fundamental que os/as jovens monitores/as utilizem a sua posição para se conectarem entre si e conhecerem cada vez mais espaços”, Helena explica: “porque isso também aumenta o acesso do público à cultura”. Os projetos de jovens monitores/as possibilitam que pessoas conheçam a potência cultural da cidade de São Paulo – e as interações entre JMC’s somente intensifica esse fenômeno.