Atividade de conclusão do primeiro ano da formação prática da Jovem Monitora Gaia Bassan da Rocha, no espaço cultural, foi com baile de Voguing. Foto: Acervo Gaia Bassan da Rocha


Por Maíra Brandão

Quando a jovem Gaia Bassan da Rocha, 24 anos, chegou ao Centro Cultural Vila Itororó, no início de 2022, muitas expectativas certamente já haviam sido criadas na mente da porto-alegrense, que reside há cinco anos em São Paulo, é estudante de Produção Musical e formada em Produção Cultural. Mas os resultados do envolvimento dela, que também é uma mulher trans e periférica, no processo de experimentação profissional do Programa Jovem Monitor/a Cultural (PJMC), surpreenderam aqueles que acompanham o processo formativo dos jovens.

A jovem Gaia atua na Vila Itororó. Foto: Acervo pessoal

Uma das premissas da formação prática, adotada pelo método pedagógico do PJMC, passa por aprender colocando a mão na massa. Funciona assim: após o processo seletivo, os/as jovens são alocados nos espaços culturais da cidade, onde são acompanhados/as pelos gestores-orientadores. Estes passam a ter um papel fundamental no processo de experimentação profissional dessa juventude. As vivências, combinadas às formações teóricas, devem desenvolver nos participantes do Programa autonomia, protagonismo, conexões locais, senso de iniciativa e de pertencimento ao território. E foi muito do que se percebeu na prática de Gaia na Vila Itororó. 

Interessada em curadoria, logo na sua chegada ao Centro Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, situado no Centro de São Paulo, Gaia apresentou uma proposta para a programação do mês de março, quando seria celebrado o mês da Mulher e o mês do Hip Hop. A união das duas temáticas em uma única ação e o projeto foi aprovado. A partir daí, a jovem foi acompanhada para realizar todo o processo de produção do evento e contratação do Beat Femme, formado pelas DJs Lorrany e Paula Fayá, mulheres e periféricas. 

Pode-se dizer que esse processo funcionou como uma preparação para o mês seguinte, quando o Plano de Ação Cultural (PAC) da jovem foi executado na Vila. A ideia era de aproveitar o Dia Internacional da Dança, celebrado em abril, pra criar um espaço inclusivo pra Cultura LGBTQIA+ em um equipamento público, atraindo também o público jovem pra Vila Itororó. E assim se deu, com sucesso, a Vogue Jam – Virus Ball, um baile de Voguing, produzido pelo coletivo Casa de Mutatis – da qual a jovem faz parte – com batalhas de dança e pocket show de Sodomita e Sé da Rua, MC’S e artistas trans da periferia de São Paulo. 

“A Cultura Ballroom e suas linguagens artísticas envolvem uma comunidade espalhada pelo mundo, onde se acolhe pessoas LGBTQIA+ criando um espaço seguro e impulsor. A proposta de realizar essa ação foi inserir nos Espaços Públicos de Cultura a expressão artística de artistas LGBTQIA+, criando um espaço seguro e efetivo de popularizar o Ballroom e enaltecer os artistas que fazem parte da Comunidade”, disse Gaia.

Ação teve a participação do Coletivo Casa de Mutatis. Foto: Acervo Gaia Bassan da Rocha

Para Gaia o processo de aprendizagem no PJMC possibilitou o desenvolvimento de um conjunto de competências para atuação na gestão e produção cultural: “Sem sombra de dúvidas, a liberdade de produzir cultura neste espaço foi de suma importância. Eu cheguei no Programa Jovem Monitor com um background de produção cultural autodidata, com alguns projetos contemplados em editais como VAI e Aldir Blanc, também criando projetos e eventos com o coletivo Mutatis e que contribuíram muito com o que eu aprendi até hoje. Mas o PJMC me profissionaliza nesse sentido, me ensina e me possibilita exercer tudo o que aprendi”, resumiu a jovem. 

Ficou curiose pra saber como foi o PAC da Gaia? Confere no vídeo:

PAC impulsiona espaço seguro para a Cultura LGBTQIA+ na Vila Itororó
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