Com apoio de seu gestor, os/as jovens criaram um acervo de lives, espetáculos e entrevistas que aconteceram nos perfis do teatro e alimentam as redes para relembrar esses eventos.
Durante a edição 2020/21, os/as jovens monitores/as culturais estão atuando remotamente e com isso, muitos/as se voltaram às redes sociais de seus espaços para continuarem fomentando a cultura. No Teatro João Caetano, na região Sudeste de São Paulo, os/as jovens desenvolveram um projeto para as mídias sociais no qual relembram espetáculos e eventos no teatro e em seus perfis nas redes. De maneira a criar um acervo, se voltaram para as memórias do espaço cultural: “Memória é referência, vivência, histórias que já foram contadas”, diz Aline Luczkiewicz, jovem monitora continuísta no João Caetano, “é impossível medir a importância dela dentro da cultura”.
O desejo de criar um arquivo, uma maneira de ter fácil acesso a quaisquer espetáculos que passassem por lá, surgiu até mesmo antes da pandemia. No entanto, a ideia foi colocada em prática após a transferência para o modo remoto, com apoio dos conhecimentos dos/as jovens e sua vontade de aprender mais sobre redes sociais e criação de conteúdo. “Eu, com quase 65 anos, assisto eles/as e presencio a renovação que essa nova atuação nas redes sociais tem feito em mim”, comenta Leandro Lopes Rezende, gestor do Teatro João Caetano: “Fico feliz que meus/minhas jovens são extremamente generosos/as em compartilhar seus saberes”.
A transferência do presencial para o remoto foi desafiadora para a equipe do Teatro João Caetano, pois estavam em uma época de muitos espetáculos. “Estávamos com os atores da Cia. Mungunzá, um dos mais importantes grupos de teatro do Brasil, no palco e recebemos a notícia de que o Teatro não ia poder abrir, eles não iam poder se apresentar”, conta Leandro: “Os primeiros dias foram muito tristes e complicados de se adaptar”. Assim que o ‘home office’ foi decretado, a SMC e a Gestão de Teatros, acompanhadas pelas equipes de cada um dos espaços dessa categoria, organizaram lives e espetáculos gravados para alimentar as redes sociais dos teatros.
No João Caetano, Leandro e a equipe do teatro se envolveram nestas lives, também começaram a pensar em conteúdos desse tipo – contatando profissionais das artes cênicas, artistas e coletivos sociais para eventos ao vivo e entrevistas que o gestor conduziu: “Tivemos ótimos espetáculos, entrevistas importantíssimas com coletivos negros, da periferia”, o gestor narra: “Queremos utilizar as redes para aumentar a voz dessas causas”. Esses eventos, entrevistas e espetáculos constantes trouxeram um grande público para as redes do teatro e fortaleceram os/as jovens neste setor de sua atuação.
A existência destas lives, e a decisão da equipe do teatro de gravá-las e arquivá-las, foi acompanhada da criação de um Youtube para o João Caetano de forma a tornar estas gravações públicas e depois as divulgar nas redes sociais, desenvolvendo o projeto de retrospectiva. “Memória não é somente a criação de um acervo”, fala Bruno Schultz, jovem continuísta no teatro: “Relembrar também fomenta a troca do público com nossas páginas, para que eles possam conhecer parte do passado e não ficar somente no agora”. Os/as jovens monitores criam conteúdo com espetáculos passados, desenvolvendo o projeto de acervo e usando hashtags e linguagens inovadoras para modernizar as redes, como conta o jovem monitor ingressante Luiz Henrique Souza: “Queríamos criar algo que nos permitisse manter viva a memória do Teatro João Caetano, mas em um formato atual para que esse conteúdo engajasse o público”.
O foco em suas mídias sociais e a dedicação para a criação constante de conteúdo para as redes do Teatro João Caetano criou nos/as jovens uma responsabilidade e fomentou sua criatividade, que, segundo Leandro, serão ainda mais demandadas quando retornarem ao trabalho presencial. O projeto de acervo, inclusive, é algo que a equipe planeja colocar de alguma forma no espaço cultural presencial, pensando em gravar os espetáculos ao vivo e continuar publicando, entregando esse teatro que é presencial mas também remoto. Toda criação deles/as foi possível devido à relação próxima de amizade e parceria que desenvolveram: “Eu sou muito sortudo, meus jovens monitores são extremamente cheios de conhecimento e me ajudam em tudo – sou muito fã deles”, comenta o gestor, “Junto com a Aline, Bruno e Luiz, eu pude enxergar uma imensa gama de potenciais e novas ferramentas”.