Parceria entre o PJMC/CIEDS e o Instituto Tomie Ohtake disponibiliza cursos e atividades aos/às jovens monitores/as, dando a eles/as mais oportunidades de aprendizado e de experimentação cultural
Por Pedro Paulo Furlan
“O nosso maior objetivo com a parceria era contribuir para a formação em gestão cultural que já é oferecida pelo programa”, é dessa maneira que Isadora Mellado, coordenadora da equipe de ação e pesquisa educativa no Instituto Tomie Ohtake, explica a motivação por trás da parceria com o Programa Jovem Monitor/a Cultural e o CIEDS. Em 2018, conversas entre a coordenadora do PJMC, Liduína Lins, e o Instituto começaram, e disso nasceu essa conexão, motivada pela vontade de oferecer mais experiências para os/as jovens monitores/as.
Com imensa disposição e empenho, a parceria se ampliou e o Instituto Tomie Ohtake ofereceu bolsas em cursos para JMC’s, possibilitou vagas para intercâmbio e para trabalho dentro de seus projetos. Essas atividades também colaboram com o Instituto, que consegue atuar com jovens dedicados/as e conhecer mais sobre lutas sociais e causas com as quais os/as JMC’s são muito conectados/as. “Eu acho que a boa vontade dos/as jovens e da coordenação do PJMC é fundamental para nossa parceria e o programa está sempre disposto a trabalhar conosco”, afirma Maiara Paiva, coordenadora de projetos socioculturais no Instituto Tomie Ohtake.
A construção e continuidade da parceria cultural
Em meio à escuta e conversas com os/as jovens monitores/as, o Instituto Tomie Ohtake e a equipe de PJMC no CIEDS combinaram quais atividades a colaboração envolveria. “Esse primeiro momento despertou diversos olhares e diversas possibilidades – nós todos/as vimos que nos beneficiaríamos muito desse trabalho em rede”, conta Fernando Cartago, agente de formação no programa.
A primeira parceria se deu com o oferecimento de vagas gratuitas para JMC’s e integrantes do Cieds, que trabalham com juventudes, no curso Elaboração de Projetos Culturais e Mobilização de Recursos. Em meio a outros agentes culturais, os/as jovens participantes aprenderam sobre a captação de recursos dentro do mundo da cultura e criaram seus próprios projetos. Com a dedicação dos/as jovens ao curso, sua habilidade, criatividade e amor à cultura, o Instituto Tomie Ohtake viu em primeira mão a potência dos JMC’s, resultando em novos horizontes para a parceria.
No ano passado, 2020, o Instituto desenvolveu uma parceria com a Plataforma P’la Arte e algumas universidades em Portugal, um intercâmbio no qual os participantes foram jovens monitores/as. Foram selecionados cinco para fazerem parte do projeto como estagiários/as e cursarem algumas disciplinas online na Universidade Nova de Lisboa e no Instituto Politécnico do Porto, envolvendo cursos de comunicação, história da arte e estudo da imagem.
Em março de 2021, foram oferecidas aos/às jovens vagas no curso de fotografia, “Nicholas Nixon: olhar por dentro”, como parte da programação educativa da exposição do artista em cartaz no Instituto. “Sempre que a gente oferece uma atividade, recebemos uma disposição imensa dos jovens em participar”, Isadora comenta, acrescentando sobre a atividade: “Nesse curso, os jovens chegaram muito empolgados, já com produção fotográfica própria e um grande engajamento, o que é sempre o comum deles/as”.
Ex-JMC’s na equipe do Instituto Tomie Ohtake
Entre os/as participantes do intercâmbio, estavam Amanda Porto e Dara Roberto, ex-JMC’s que agora integram ou já integraram a equipe do Instituto Tomie Ohtake, participando de processos seletivos com prioridade para eles/as. Assumindo posições diferentes, colocando em prática seus aprendizados no PJMC e habilidades pessoais, ambas tiveram ou estão tendo experiências formativas, que são possíveis devido à parceria.
Amanda Porto ingressou no Instituto Tomie Ohtake em 2019, como produtora cultural em um curso de marcenaria. Ao ver a vaga, ela achou que não se encaixava, mas, após incentivo da equipe do PJMC, ela decidiu se candidatar: “Descobri que era um curso voltado a jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade, me senti mais confortável, porque essa sou eu”, conta Amanda: “Fiquei pensando que, mesmo se eu não entendesse marcenaria, de gente eu entendia”. A jovem aproveitou seu período atuando no Instituto para crescer como agente cultural e fechou esse capítulo de sua jornada no primeiro semestre de 2020 – depois foi convidada para participar do intercâmbio.
Dara, por sua vez, entrou na equipe do Instituto Tomie Ohtake no começo de 2021, em uma vaga para a produção de um novo projeto do Instituto, sobre lideranças femininas. Jovem continuísta na edição de 2019/20, Dara sempre foi muito ativa nas lutas sociais sobre cidadania e raça, o que refletiu em seu novo trabalho. Recebendo muitas indicações após se destacar no intercâmbio, a jovem assumiu sua nova posição na qual atua hoje em dia, levando consigo sua experiência cultural do PJMC.
A entrada das jovens no Instituto ofereceu novos olhares e experiências para a equipe do Tomie Ohtake. “No fim, nós aprendemos muito mais com elas do que ensinamos eles”, comenta Isadora Mellado, falando de Amanda e Dara. Compartilhando muitas vivências com o público dos cursos e atividades, as jovens já se conectavam a seus colegas e alunos/as, criando um ambiente de trabalho confortável que beneficia muito o Instituto – “O período que elas passaram nos espaços culturais ajudou muito elas a terem essa habilidade humana fora de série”, Maiara conta.