Na segunda-feira (15), as turmas de Jovens Monitores Culturais espalharam-se novamente por São Paulo para a etapa de formação teórica presencial do programa.
Um dos grupos visitou o Teatro de Contêiner, espaço fundado em 2016 pela Cia Mungunzá de Teatro, no bairro da Santa Ifigênia, região central da cidade. A proposta era debater com profundidade e complexidade as questões que permeiam esse território.
A turma foi recebida com uma performance de Lucas Bêdo, ator e integrante da companhia, que também contou sobre o processo de fundação do Teatro. Antes da intervenção da Cia, o terreno municipal estava desassistido e não exercia função pública. Surgiu então a ideia de ocupá-lo autonomamente com um equipamento cultural plural, em diálogo com outros coletivos que já atuavam na região.
Lucas explicou as dificuldades e particularidades da construção do espaço, que foi literalmente montado a partir de contêiners, e convidou representantes de todos os coletivos que agora colaboram com o Teatro.
Um dos coletivos, o Centro de Convivência – É de Lei, que atua na Sé e no Teatro, começou a conversa trazendo a perspectiva da redução de danos no tratamento e acompanhamento de pessoas com dependência química.
Em seguida, um representante do Seminário “Cracolândia em Emergência” fez um apanhado histórico sobre a região da Luz, explicando todas as disputas imobiliárias e narrativas travadas no território.
À tarde, Raphael Escobar & Átila, dos grupos Pagode Na Lata, Paulestinos e Birico destacaram a importância de retomar a autonomia das pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade. Organizando rodas de pagode e apresentações com artistas de diferentes condições sociais que convivem no território, os coletivos formam uma rede solidária que contribui para a independência financeira de cada integrante.
Movido pela pergunta “Você tem fome de quê?”, o Instituto Luz Do Faroeste veio logo depois e contou que também atua na região de forma abrangente, misturando distribuição de alimentos e eventos culturais para saciar “todos os tipos de apetite”, inclusive o cultural.
Dando continuidade às apresentações, o Coletivo Tem Sentimento participou em grande estilo com um desfile de roupas produzidos em oficinas de costura que são oferecidas para mulheres cis e trans da região. A organização busca, através da capacitação em corte, costura e economia criativa, criar alternativas de geração de renda para as suas alunas.
Para finalizar o encontro, o coletivo, Teto Trampo e Tratamento explicou o modelo de políticas públicas de assistência social conhecido como housing first (moradia em primeiro lugar), e se apresentou com performances dos integrantes, em um show que contou com palhaçaria, rap e soul e animou toda a plateia.