Desenvolvendo suas ações nas muitas bibliotecas de São Paulo, os/as jovens monitores estão criando PIAC’s e incentivando a leitura com eles, vem conhecer alguns!
Por Pedro Paulo Furlan
A edição atual do Programa Jovem Monitor/a Cultural foi uma de muitas atualizações e mudanças na formação des jovens. Uma das mais importantes e vantajosas dessas alterações veio para os continuístas: a criação dos seus próprios PIAC’s! Os Planos de Intervenção Artístico-Culturais são uma oportunidade de colocar em prática os ensinamentos adquiridos no PJMC – e também expressar seus maiores interesses, visões sobre a cultura e também defender as causas sociais pelas quais muitos/as jovens lutam.
Cada PIAC dos/as jovens envolvidos/as com o programa traz algo diferente para a sua colaboração com a cultura paulistana e mensagens fundamentais para todes que entram em contato com essas ações. Com isso dito, vem conhecer três projetos completamente diversos e descobrir mais sobre os/as jovens por trás deles!
“SEMEANDO A LITERATURA INDÍGENA”
“Esta temática literária não deve ser marginalizada pelos leitores, ela precisa ser entendida como formadora sociocultural”, afirmou Rosali da Costa, 30 anos, sobre o que a incentivou a desenvolver o seu PIAC, “Semeando a literatura indígena”. A jovem monitora continuísta, atuando na Biblioteca Jovina Rocha Álvares Pessoa desde 2019, criou esse projeto, envolvendo recomendações de títulos de livros escritos por pessoas indígenas ou que tratam da cultura indígena – que estão no acervo do espaço cultural, e também mediações de leitura para o público infantil, de maneira a democratizar o acesso a essas obras.
Rosali desenvolveu todos os passos dessa ação para que a audiência da biblioteca tivesse contato direto com a literatura indígena – conhecendo melhor a cultura dos povos nativos, da mesma maneira que ela fez. Com seus estudos na universidade e explorações do acervo, a jovem aumentou completamente sua noção sobre essa temática – e também percebeu que esse processo de divulgação era necessário socialmente.
Nas palavras da JMC, os livros indígenas fazem parte de uma “literatura marginalizada, consoante a cultura indígena que foi historicamente marginalizada no Brasil” e esse projeto entrega essas obras ao público geral. Além desse trabalho cultural muito importante, a jovem Rosali também aprendeu muito durante o processo de desenvolvimento do “Semeando a literatura indígena”, contando-nos sobre uma das maiores lições: “Aprendi que a diversidade da cultura brasileira deve ser valorizada e respeitada, que não é importante valorizar apenas a minha cultura”.
“VAMOS LER COM O BEBÊ?”
Reunindo livros destinados à primeira infância – sempre parte do acervo da Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato – e organizando uma série de lives lendo esses para crianças e seus responsáveis, as jovens continuístas Carolina de Lima, ou Caru, e Mariana Rosa, que atuam no espaço cultural, organizaram o projeto “Vamos ler com o bebê?” como seu PIAC. Durante os eventos, as JMC’s conseguiram encantar seu público-alvo, crianças de um a cinco anos, mas também incentivar os/as responsáveis a ler cada vez mais junto de seus bebês.
A própria importância dessa leitura acompanhada foi uma das maiores lições que Caru aprendeu enquanto desenvolvia e executava o projeto junto de Mariana, tanto que ela nos contou o impacto que isso tem na criação: “além de estimular a alfabetização, você estabelece vínculos de afetividade, confiança e inspiração nessa criança”, acrescentando: “É um grande motor de estímulo”. Na visão das jovens, esse é um momento de aprendizado muito fertil no crescimento humano, e a cultura precisa se destinar a ele também.
Junto com o apoio da equipe da Biblioteca Monteiro Lobato, a dupla também teve auxílio da Editora Bamboozinho, que forneceu mais títulos para o espaço cultural – especialmente destinados ao PIAC delas. O grupo do projeto, formado somente por mulheres, foi uma das coisas que garantiram o sucesso do “Vamos ler para o bebê?”, compartilhando uma atmosfera confortável e aberta – o que também ensinou muito as JMC’s, como diz Caru: “a lição que quero destacar é a capacidade da gente conseguir, mesmo com todas as dificuldades, se reinventar e fazer um bom trabalho durante a pandemia”.
“LIVROS VIAJANTES”
Com a ideia surgindo no início do período pandêmico, a jovem Sophia Pereira desenvolveu o PIAC “Livros Viajantes” como uma maneira de suprir a necessidade da população periférica com relação à leitura e ir contra os obstáculos que a pandemia apresentou. “Percebi que a leitura se torna um desafio quando as pessoas de baixa renda da região não podem comprar livros e nem conseguem pegá-los emprestado”, nos contou a JMC – realização que ela teve após receber muitas perguntas sobre a reabertura da Biblioteca Vicente Paulo Guimarães, onde atua.
Vendo como a cultura, a arte e a própria leitura fazem muita falta durante esse momento duro de pandemia, a jovem criou o projeto e o organizou de maneira a reacender o incentivo a ler as muitas obras presentes no espaço cultural. Além de tudo, Sophia também enviava junto aos livros escolhidos, uma cartinha escrita por ela incentivando que a pessoa que os recebeu passasse-os para novas mãos após ler eles – mantendo o ciclo cultural que o “Livros Viajantes” criou em movimento.
A ação cultural, além de servir a um propósito extremamente importante, também serviu como um grande ensinamento à jovem e como uma maneira de colocar suas habilidades como JMC em prática. “Foi um desafio surreal que me fez sair da zona de conforto e encontrar, talvez, um talento que estava escondido”, nos contou Sophia, finalizando nossa conversa: “O PIAC foi muito significativo para mim descobrir a importância que a Biblioteca tem na vida das pessoas”.