Bruna Cavalcante fala sobre a iniciativa e encontros para adaptar seus/as jovens ao dia a dia de uma biblioteca no modo remoto
Por Pedro Paulo Furlan
Em cada espaço cultural do Programa Jovem Monitor/a Cultural, trabalham gestores/as que auxiliam os/as jovens na formação prática – ensinando-os como funcionam os equipamentos e departamentos públicos e quais são as funções de cada colaborador da cultura. Na Biblioteca Paulo Duarte, na região Sudeste de São Paulo, a gestora Bruna Cavalcante tem colocado em prática algumas atividades para que os/as JMC’s pudessem vivenciar toda a experiência de gestão da biblioteca junto com a equipe da Paulo Duarte.
Formada em biblioteconomia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Bruna assumiu a liderança da Biblioteca Municipal Paulo Duarte, em 2018. Em 2019, a gestora não recebeu jovens monitores/as oficiais, mas teve experiência com o programa devido aos JMC’s do Centro de Culturas Negras do Jabaquara – Mãe Sylvia de Oxalá, que, por compartilharem do mesmo espaço, iam auxiliar na biblioteca, devido a um apoio mútuo entre os coordenadores. Agora com jovens atuando na Paulo Duarte, Bruna queria que eles/as pudessem se adaptar à sua atuação e que aprendessem sobre o trabalho para manter em pleno funcionamento uma biblioteca, por isso iniciou dois projetos específicos: as leituras compartilhadas e o bate-papo com personagens da cultura.
A gestora tinha o dever de ambientalizar seus/as jovens, que não podiam atuar presencialmente e apresentá-los ao mundo das bibliotecas. “A nossa responsabilidade era nos mantermos presentes, mas dessa vez completamente online”, Bruna narra sobre a adaptação desses/as novos/as JMC’s e o motivo de seus projetos, ela continua: “Tivemos que aprender na hora como equilibrar tudo e atuar na cultura de maneira remota”. Para que eles/as pudessem explorar o acervo da Paulo Duarte e também conhecessem melhor seus colegas de atuação, Bruna começou leituras compartilhadas, nas quais se reuniam online para ler um título da biblioteca e refletiam sobre ele com base nas percepções de cada um.
Em conversa com Elisângela, gestora da Biblioteca Hans Christian Andersen, Bruna percebeu a importância do ato de colocar os/as jovens em contato direto com profissionais da cultura. Juntas planejaram quais colaboradores do sistema municipal de bibliotecas poderiam contribuir com suas expertises para o desenvolvimento dos jovens monitores. “Os nossos jovens precisam conhecer com quem eles trabalham – assim eles podem entender melhor a biblioteca, sua potência e as oportunidades que estão ao seu alcance enquanto atuam aqui”, ela comenta. Dando uma pausa, Bruna ainda deseja voltar com os bate-papos, tendo muitos outros convidados em mente: “Qualquer conversa é uma chance dos jovens aprenderem mais formas de resolver seus problemas e inovar dentro da Paulo Duarte”.
Assim que começou a pandemia, Bruna se encontrou em um momento de incerteza, em que a biblioteca estava esperando para receber mais informações. Porém, com o período remoto se estendendo, a gestora decidiu utilizar as plataformas online da Paulo Duarte para espalhar dados sobre a pandemia e também continuar com o trabalho bibliotecário de compartilhar livros e conteúdos relacionados à literatura, de maneira a oferecer informação e entretenimento. “Como profissionais e jovens que trabalham com informação, percebemos que seria necessário transferir nosso trabalho para o mundo virtual, utilizando nossas plataformas online” – a equipe também fomenta suas redes de maneira a fornecer conteúdo sobre autores, livros, filmes e cientistas negros, devido à posição da biblioteca como referência da cultura afrobrasileira. No fim de agosto, foi feita uma pausa nas redes dos espaços culturais, devido à eleição, e nesse período, sem atuação presencial e a online pausada, ela criou os projetos para preencher esse tempo.
Os jovens atuando na biblioteca e ela aprenderam, e aprendem, muitas lições com essas atividades, contribuindo imensamente para a formação deles/as como jovens monitores/as e para o crescimento humano dos dois lados. “Estou em uma posição de apresentar o universo da biblioteca a eles/as e também mostrar as possibilidades de trabalhar dentro dele, e os diferentes modos de interagir com o equipamento”, ela narra. Bruna, como gestora, tenta seu máximo ensinar e apoiar os jovens em sua jornada pelo PJMC, de maneira que eles/as consigam se desenvolver como atores culturais e que descubram um dos aprendizados que ela mesma teve durante esses projetos: “Tive cada vez mais certeza de que nunca trabalhamos sozinhos”.